Você está com tempo? Então senta que lá vem história… A gente teve o privilégio de compilar a história da Katiane, do João e da Giovana e as emoções, perrengues, dúvidas, conquistas e incertezas que vieram com a decisão de deixar o Brasil e vir morar na Nova Zelândia (com uma parada no Canadá no caminho para dificultar!). Eles são gente como a gente, uma família organizada e estabilizada no Brasil, mas longe de serem milionários e terem dinheiro sobrando para largar tudo e vir. A história deles é única mas poderia ter sido a minha ou a sua. E os problemas e dúvidas deles serão os mesmos de muitas famílias no Brasil nesse exato momento. A Katiane, a mãe e esposa, é a narradora dessa história, ela nos leva de forma engraçada, por vezes tensa e muito cheia de esperança em cada etapa da viagem dela. O que a Katiane talvez não saiba, é que ao compartilhar a história da família dela, ela fez análises muito pertinentes sobre o perfil da pessoa que viaja e as suas expectativas, que qualidade de vida tem formatos diferentes e que para alguns, as coisas que deixamos, ao sair do Brasil, tem muito mais valor do que as coisas que encontramos no país novo. Ela publicou sua história na suas páginas do Instagram e Facebook do A Malinha da Gio e seus capítulos eram aguardados ansiosamente dia a dia. Então senta aí, pega uma xícara de chá e começa a ler a história deles. Né pra começar a contar tudo do comecinho? Então vamos lá... Eu, aos 35 anos nunca tinha viajado pra fora do Brasil, nem passaporte tinha. Vivia uma vida “estável” em todos os aspectos. Gio crescia saudável e tudo ia bem. O ano era 2013 e nós morávamos no interior do Maranhão. Minha irmã nessa época já tinha ido morar na Noruega (fazer doutorado) e eu, mesmo torcendo e acompanhando cada etapa, não senti nem vontade de fazer o mesmo. Vida que continua e que continuou naquele estilo: trabalha, recebe salário, aproveita o fim de semana, gasta o salário, paga as contas e... não sobra nada no fim do mês. No outro mês, a mesma coisa. Tudo bem que EU (contrariando meu marido) nunca fui a pessoa mais sensata em relação à dinheiro; mas depois chego nessa parte da história. Pois bem, do nada me surgiu uma ideia louca de viajar pra Disney. Contei pro marido e ele sorrindo disse : Impossível Katiane! Não temos dinheiro! E realmente não tínhamos, sem contar que ru nem tinha tanta certeza se queria abdicar das minhas “comprinhas” pra fazer uma viagem. Mesmo assim coloquei no Google: “Como organizar uma viagem pra Disney” Mergulhei num mundo de blogs, de grupos de facebook e fui pegando gosto pela coisa. Que loucura! Nem passaporte eu tinha, muito menos Inglês. Nessa altura consegui fazer com que meu marido pelo menos escutasse minha proposta de viagem. E logo ele que só tinha saído do país uma vez na vida, por sinal pra Disney em 1994, profetizou: “Eu te conheço, se você sair do país prepare-se, você nunca mais será a mesma. Sua cabeça vai mudar e eu ainda não sei as consequências disso” Fomos! E foi aí que fizemos nosso primeiro grande ato de loucura. Na verdade 2. Ato 1: Compramos as passagens para Detroit, querendo ir pra Orlando. Abra o mapa dos EUA pra ver o tamanho da merda. Ato 2: depois do erro 1, decidimos então cruzar os EUA de carro até chegar ao destino final. Resultado: Descobrimos que somos capazes de realizar coisas inimagináveis. Descobri que juros do cartão de crédito é uma merda! E descobri que depressao pos viagem existe. Marido estava certo, em 2013 nossa vida Mudou. Mas não pra melhor... Essa nossa primeira viagem internacional foi sensacional! Organizamos tudo sozinhos! Passamos 20 dias nos EUA. Percorremos 5 estados e a única reserva de hotel feita previamente foi a de Orlando o resto foi na garra! Parávamos no Macdonalds para pegar o Wi-fi gratuito e fazíamos a reserva do próximo hotel. Descobrimos que Gio era uma companheira perfeita de viagem e que meu inglês era péssimo. Pois bem... no voo da volta eu já comecei a ter aquela sensação de “me lasquei”. Primeiro por causa dos gastos. Conheço meu marido, ele é a razão financeira do nosso casamento. E ele me conhece, eu sou a emoção e coragem. Os dois estavam satisfeitos, mas íamos demorar um bom tempo pra nos recuperarmos. Já me imaginei naquela rotina: trabalhar, receber, pagar conta.. Entrei em depressao pós viagem. Queria viver aquilo mais vezes. Eu queria viajar!! Mas nem passava pela minha cabeça morar fora. Queria apenas viajar... mas como? Veio a primeira transformação. Parei de gastar com coisas que “pra mim” não era mais prioridade. Olhava um sapato na vitrine e convertia em diária. Eu não parava de pesquisar passagem, hotel...meu marido já estava impaciente e passamos o primeiro semestre de 2014 brigando direto. Pra ter uma ideia: Sou dentista, e durante as consultas meus pacientes saíam praticamente com uma viagem montada. Virou um vicio: organizar viagens. Nessa época, 2014, criei a página do Instagram A Malinha de Gio. Reduzimos todos os gastos mas a próxima meta: convencer o marido a viajar novamente em 2014. Lembram da minha irmã que estava na Noruega? Caraca , Europa!!! Noruega, Alemanha, Euro Disney! Pirei!!! - “Impossível Katiane ! Profetizou, inocentemente o marido” Insisti por mil vezes, fiz planilha , mostrei gastos. Quando mostrei que poderíamos até nos hospedar numa casa barco em Amsterdam, ele começou a pensar no assunto. Em junho de 2014, em prol da mina saúde mental e do nosso casamento, ele disse: compra logo essa passagem! Eu escutei: “Eu te amo!” Mas como “eu te amo” e “compra passagem” é a mesma coisa, Eu corri pra fazer as reservas e ao mesmo tempo, jurei para o marido e para mim mesma que iria ser a última viagem, mas eu não esperava a reação do marido na volta. A viagem para a Europa foi um sonho! Dessa vez levamos meus pais também e juntamos a família toda. Primeiro fomos conhecer a Noruega, onde minha irmã mora. A Noruega é linda! Mas o que mais me encantou foi o estilo de vida que minha irmã levava. Guardei aquilo pra mim. Lembram que prometi que iria passar um tempo sem viajar? De lá fomos pra Alemanha, Holanda, Bélgica e França. E o limite do cartão foi ladeira abaixo. Durante essa viagem notei meu marido mais relaxado, pode ter sido pela quantidade de cervejas. Eu organizei tudo!!! Desde a nossa experiência na casa barco em Amsterdam até levar meus pais pela primeira vez na Disney ( Euro Disney). Foram 20 dias na Europa cruzando os países de carro. Foram perrengues,cervejas, chocolates... No voo da volta eu prometia: Não vou chorar! Vida que segue...Não vou ficar abrindo e-mails de promoção,vou até desinstalar o App do Melhores Destinos. Voltei cabisbaixa mas notei meu marido tão sorridente, nem parecia que tinha checado o cartão de crédito e que os próximos 12 meses seriam apenas pra pagar a viagem. Dai ele diz: - “Ei, que viagem da porra!! Obrigada. Agora posso te pedir uma coisa agora?” Já fui mentalizando a resposta: Não precisa me pedir parar de gastar( aí ele me interrompe) - “Organiza uma viagem de Surf pra mim!!” Eu não conseguia nem respirar! Surf??? Claro!! Pra quando??? Tu falou Surf?? Surf né?? Algum lugar específico??? - Nova Zelândia! ( ele falou) - Hãn????? - É meu sonho conhecer. Eu não sabia nem onde ficava o país, muito menos que era uma ilha. - Onde fica isso?? - Na Oceania. Tentei buscar na lembrança o tabuleiro do jogo WAR. Porra!!! A Nova Zelândia nem está no jogo! Como eu ia saber onde era? A Única coisa que eu sabia era que a Trilogia do filme O Senhor dos Anéis e o Hobbit ( que eu amoooo) tinham sido gravadas lá. Depois de uma pesquisada rápida em passagens e preços e hospedagem pra Nova Zelândia eu falei a maior besteira da minha vida: - “Mo, impossível ir pra Nova Zelândia! O lugar é longe e muitoooo caro! Da pra gente ir umas 10x pra Disney.” Eu destruí o sonho dele. Mas calma, que vocês vão ver a volta que ainda demos pelo mundo até esse país belíssimo voltar ao nosso casamento e o que o Canadá tem a ver com isso. Voltamos da Europa no final de 2014 e concentrei minhas energias em programar a tal viagem de surf em família. Pensamos no Hawaii, eu eu achei ótimo porque iria poder emendar em uma road trip pela California e ainda conhecer mais uma Disney. Em dezembro de 2014 foi o lançamento do último filme da trilogia O Hobbit ( Sim, aquele filmado na Nova Zelândia) e eu fui logo na estreia. Dessa vez eu assisti o filme já pensando nas belezas cênicas do país e me lembrando do que meu marido tinha dito : “Nova Zelandia é meu sonho” Ok! Pra mim passou a ser mais um país na minha lista de desejos, mas infelizmente ainda bem longe da nossa realidade financeira. No dia 31 de dezembro de 2014, assistindo TV, vejo a chamada no Jornal: Já é 2015 na Nova Zelândia!! Depois : Globo Repórter desvenda os cenários deslumbrantes da Nova Zelândia. Nova Zelândia eleita o País menos corrupto do Mundo! Genteeee... só falam desse país agora é? Enquanto isso minha sobrinha/afilhada nasceu na Noruega e eu meio que “escondida” comecei a pesquisar passagem pra lá. Em fevereiro de 2015 eu sondei se o marido teria alguma possibilidade de férias entre Abril e Junho. Zero chance! Ainda morávamos no interior do Maranhão e ele trabalhava na Siderúrgica da Queiroz Galvão, tinha um ótimo cargo de gerência e durante essa época (Abril e Junho) ele estava no pico de demanda. Ele é engenheiro agrônomo e, sem modéstia, é uma das pessoas mais dedicadas ao trabalho que conheço. Como eu iria fazer? Queria tanto ir visitar minha sobrinha. - “Ué, vai tu e Gio!” ( disse o marido) - Hã? Nao! Era muita coragem fazer essa viagem sozinha sem inglês nenhum e com uma criança pequena. Como o marido mesmo diz: Alto índice de PDM ( Probabilidade de Dar Merda) Mas a vida adverte: “A falta de coragem causa perda de momentos incríveis” Só que dessa vez eu voltei da viagem com um propósito maior, bem maior... A falta de coragem causa perda de momentos incríveis Lá fui eu com a Gio pra Noruega. Uhuhuhuhu!!! Tava toda orgulhosa de mim e da minha coragem, até entrar no avião e ... - “Hello, Good Evening!” Ouxe! Já estão falando inglês? Como assim? Sim Katiane, você comprou um voo da KLM , que é uma empresa Holandesa. A tripulação fala inglês e holandês. Travei! Meu inglês era suficiente quando eu estava com meu marido, mas sozinha...não. Tirando os perrengues do idioma, a viagem foi tranquila. Estar novamente com minha irmã, meus pais e conhecer minha sobrinha foi maravilhoso! Dessa vez a Noruega não era uma viagem turística. Foram 25 dias vivendo a rotina do dia a dia da minha irmã. Gente, tudo funciona! Transporte, saúde, educação... que liberdade! Que sensação boa. Minha irmã foi a responsável por despertar em mim o primeiro desejo de morar fora do Brasil. E por falar em viajar e morar fora, se me permitem farei uma análise de 5 perfis diferentes de pessoas:
Eu era o 4 e continuo sendo. E acho perigoso pensar como o indivíduo 5. Acho perigoso associar o fato de morar fora a ter qualidade de vida e vou explicar sobre isso mais tarde. Pois bem...eu tinha achado um propósito pra minha vida. Uma meta a cumprir. Será que seria possível voltar da Noruega com essa proposta ao marido? Seria viável uma experiência dessas? Ou será que era só uma vontade momentânea? Voltei para o Brasil no começo de junho de 2015 e encontrei o marido num pico de estresse por causa do trabalho. Foi a deixa que eu precisava pra perguntar: - “Quanto você ganha por mês pra abdicar de um sonho?” De junho de 2015 até dezembro de 2015 eu vivi uns 10 anos em 6 meses de tanta coisa que aconteceu. Mas deixa eu organizar os fatos e tentar contextualizar vocês. Eu e meu marido estamos juntos há quase 15 anos. Ele é uma pessoa muito pé no chão, extremamente sensato. Organizado ao extremo e faz eu preencher mil planilhas mensais de custos, que eu corajosamente esqueço todas. E olha que ele é mestre na arte de fazer planilhas, e quase pede separação quando me pediu pra fazer uma e eu abri o Word e coloquei “linhas” e “colunas”. Inteligentíssimo, tem paixão por games, eletrônicos e Surf. É um engenheiro. Precisa daquela certeza matemática que tudo dará certo. Arriscar é um sobrenome que ele adquiriu ao casar comigo. Sim, eu sou o oposto. Não sei nada de eletrônicos e até hoje me organizo escrevendo tudo em agenda de papel. Não gosto de entrar no mar e não sou nem um pouco pé no chão. Vivo o presente. Se você me perguntar se eu prefiro uma viagem legal mês que vem ou uma viagem dos sonhos daqui há 1 ano, Eu fico com a primeira opção. Vai que né? Como esses 2 perfis tão diferentes sobrevivem juntos? Simples, o bom humor. Nossas brigas são épicas e recheadas de cenas hilárias. Eu sou a descabelada que quando briga chora e sai falando tudo o que pensa na hora! Ele é aquele que só observa, anota, passa dois dias pra organizar a discussão e manda um e-mail com os tópicos a serem discutidos já chegamos a dividir os cômodos da casa e colocar linhas delimitando o espaço de cada um. Claro que a parte do fogão e da geladeira ficou comigo porque sem cerveja e sem comida ele não sobreviveria tanto tempo. O bom humor é a leveza que nos sustenta. E todas as vezes que pensamos em nos separar, a gente escreve num papel duas qualidades um do outro para nos lembrar mais tarde E algumas estão sempre presentes: João: Razão para tomar atitudes. Tem o dom de pensar antes de agir e falar. Katiane : Otimista. Sempre enxerga a possibilidade de sucesso em tudo e em todos. Tem o dom de argumentar. E nessa combinação louca dissemos o tão esperado SIM ! Vamos morar fora. Mas não estávamos preparados para pagar o preço, literalmente... Dizer SIMMM VAMOS MORAR FORA!! Foi a parte mais fácil de todo o projeto, difícil foi arranjar coragem para colocar em prática. Coragem??? Sim! Eu tive coragem de ACEITAR a ideia, mas eram varias outras coisas envolvidas e que precisavam ser avaliadas. Foi nessa hora que descobri que também existe mais um tipo de Indivíduo na minha análise - Indivíduo 6: Ama viajar, quer Morar fora do País, mas não tem coragem suficiente e nem um Pingo de dinheiro pra isso. Né fácil não gente! No começo você fica eufórico com a possibilidade; depois você vai tendo pequenos ataques de taquicardia quando pensa no assunto. É o medo! E nós tivemos muito medo!! Mas foi bom porque o medo faz você ficar em alerta e diminui o índice de PDM. Mas antes do medo chegar, eu me lembro perfeitamente do dia que estávamos na sala de casa, eufóricos com a possibilidade de colocar o projeto “Morar Fora do Brasil” pra frente. Marido diz: “Putz, Mô, será que a gente consegue? Pra onde iríamos?” Parece brincadeira, mas lancei a sorte ao Google digitando. “Qual o melhor país do mundo pra Imigrar?” ( Sim, sou o tipo de pessoa que faz esse tipo de pergunta ao Google) Surgiram 3 : O Canada, a Austrália eeeee a Nova Zelândia. Olhei incrédula pro marido e disse: - Olha, apareceu aquele país que tu gosta! - Uhuhuh!! A alegria dele durou o tempo de Eu,mais uma vez, olhar a Nova Zelândia no mapa mundi e falar: - “Joãoo! Esse país é pequeno demais e fica lá pra aquele lado que tem Tsunami! Se der uma onda lá, já era bora ver outro lugar.” Coincidentemente começaram a aparecer vários amigos, conhecidos e conhecidos dos amigos escolhendo o Canadá para morar. Tá Ótimo, pensamos! - Canadá! Que Sonho! Nosso projeto ganhou um novo nome e um Mundo de informações . “Projeto Canadá”. Lindo né??? Mas aí ao mesmo tempo em que as pesquisas iam sendo feitas, a euforia ia passando e o medo voltando. Paramos diante aquela linha tênue entre dar o primeiro grande passo ou desistir. Era preciso uma pouquinho mais de coragem. E ela veio quando pensamos que para apenas 1 pessoinha isso não tinha como dar errado: a Gio Ai ai.. a Gi. Ela é o motivo de tudo. No fundo ela é a responsável pela nossa coragem e nossas angústias. Porque quem tem filhos e decide morar fora fica vivendo esse dilema aqui ó: - Sim! Quero morar fora para oferecer uma melhor qualidade de vida aos meus filhos - Não! Não quero morar fora porque tenho medo da adaptação do meu filho - Sim! Eu quero viver com meus filhos em um país seguro - Não! Não quero distanciar ele da família no Brasil nem dos amiguinhos. Mas A verdade é que: é mais fácil do que você imagina, mas só VOCÊ pode descobrir isso. Primeiro porque cada criança reage de um jeito diferente, e pior do que isso, cada mãe tambem. Lembro quando fomos pra Disney (capítulo 1); eu tinha lido varios relatos de crianças encantadas com o Show de fogos do Magic Kingdom. Eu mesma chorei do começo ao fim, já a Gio dormiu de tanto tédio. Na Europa foi o contrário tive que convence-lá a ir embora da Torre Eiffel, porque Ela simplesmente amou! E eu achei um saco! Curioso: Eu detestei Paris e a Gio com 6 anos amou! A ponto de até hoje dizer que queria morar lá. Pois bem...são expectativas que criamos em cima dos nossos filhos. Faz parte. Viva todas as dúvidas. Questione, pergunte, peça opinião, leia relatos...no fim você vai descobrir que a forma como você reage à situação é que guia toda a adaptação do seu filho. Pra Gio funcionou. Desde o começo, lá em 2013, que eu notei que a Gio era uma ótima companheira de viagem. Claro que ela faz birra, troca um passeio massa por um joguinho no celular, diz que tá com sono, com frio, com fome... mas eu sempre tentava reagir da forma mais simples o possível. Decidir morar fora era, acima de tudo, proporcionar à Gio um estilo de vida diferente. Queríamos mostrar outra cultura, queríamos que ela aprendesse o inglês, queríamos que ela pudesse ter liberdade, segurança. Todos os pais desejam isso, mas nem por isso todos devem ou podem sair do Brasil. Qualidade de vida é acima de tudo estar feliz com suas decisões e isso independe do país escolhido. Nós tomamos a nossa! Mas demorou um ano pra contar a Gio e pra todo mundo. ![]() Era junho de 2015 quando começamos a fazer todas as pesquisas, e cada dia era uma descoberta nova sobre o Canadá. Era muita informação. Marido estava ocupadíssimo e estressadíssimo com o trabalho e eu fiquei com a função de fazer todas as primeiras pesquisas. Uma pausa aqui “NÃO sou agente de viagem e muito menos de Intercâmbio, então daqui pra frente todas as informações são um resumão de tudo que pesquisei e que se encaixa no NOSSO perfil de família.” Voltando. Bom, foram tantas pesquisas que eu até fico perdida tentando explicar pra vocês. Resumo da Ópera: Nós tínhamos apenas uma chance de morar e trabalhar no Canadá: um dos 2 (ou eu ou marido) teríamos que fazer um curso (técnico, pós graduação, mestrado ou doutorado) de no mínimo dois anos. Explico. Fazendo um curso, o cônjuge ganharia o direito de trabalhar integralmente e a Gio ganharia o direito de estudar de graça. Preciso abrir parênteses pra explicar que cada caso é um caso e que existem inúmeras possibilidades e variantes nesse processo de imigração? E que meu intuito aqui não é explicar cada uma delas? Preciso não né? Então bora continuar... Um dos primeiros passos é ler e devorar todo o Site do Governo (do país que você deseja ir), lá tem todas as informações oficiais. Depois, caso necessário, entre em contato com uma consultoria para te auxiliar no processo. Mas lembre-se o maior responsável pela pesquisa é VOCÊ. Por fim comece a fazer parte dos grupos do Facebook, mas com moderação, eles ajudam muito mas também atrapalham. Apesar de que foi nesses grupo que conheci pessoas que me ajudaram demais e que hoje em dia já estão morando no Canadá. Bom, com um esboço do projeto em mãos, tudo parecia que ia de vento em polpa, até a gente descobrir e colocar na ponta do lápis, que para tornar realidade o NOSSO projeto precisaríamos de muito, muitooo dinheiro mesmo. Pronto! tocou na minha ferida. Era preciso eu rever toda minha relação com o dinheiro. Sem contar que eu ainda estava sofrendo da fatura-fobia pós viagem. Foi aí que tive um dos poucos surtos de pessimismo da minha vida, eu pensei: Eu não vou conseguir reverter o quadro financeiro em que estamos. Pois é, e infelizmente o marido notou... Não sei bem que transtorno eu tenho que não consigo juntar dinheiro. Já até pensei que era pelo fato de eu não conseguir planejar nada a longo prazo. Eu gosto de viver o “agora”. Eu até sou uma pessoa organizada. O problema é que eu sou impulsiva. E no fim isso me causava uma tristeza profunda. Eu vivia pra pagar fatura do cartão de crédito e meu marido vivia pra reclamar disso ( com toda razão). Pra completar nosso gerente do banco na época era um dos melhores amigos do meu marido (amigo de infância) e inclusive padrinho de consagração de Giovana. Gente, o coitado sofreu demais. Joao ligava pra ele pra resolver minhas broncas (como gerente) e depois ainda ligava pra desabafar (como amigo). Como excelente profissional, ele nos ajudou a organizar as contas, e como excelente amigo ele ajudou nosso casamento. O fato era: Eu tinha que parar IMEDIATAMENTE a minha compulsão por compras. Eu não precisava apenas diminuir, eu tinha que parar. Pro projeto ir pra frente eu teria que mudar rápido e bastante.
Mas... mesmo assim ainda não era suficiente. Porque por mais que eu parasse, nós ainda não teríamos todo o dinheiro necessário. Demoraríamos ainda uns 6-7 anos pra conseguir. E aí, meu amigo, Eu teria que esbarrar em outro problema meu: a ansiedade. Estagnamos o projeto aí nessa fase. Minha cabeça borbulhava tentando pensar em algo. E a vida continuava: “Eu saía de casa pra trabalhar cedinho, dava toda as instruções para a minha secretária do lar, entrava no meu carro Sedan do ano, deixava Gio na escola, pegava Gio, levava pro ballet, voltava pra casa, liberava minha secretária, sentava no sofá pra relaxar enquanto procurava alguma coisa legal pra assistir na SKY “ Ei...Encontraram o erro do parágrafo anterior?? Vamos lá: Carro do Ano, Secretaria do lar, ballet, SKY... Isso não batia com o propósito que NÓS tínhamos no momento. E quando eu e meu marido nos demos conta, a gente começou a enxergar uma luz no fim do túnel; e constatamos que não era só com o dinheiro que teríamos que mudar a relação, era também com o nosso estilo de vida. E dessa vez a mudança seria bem mais drástica e o primeiro grande salto bem maior
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Setembro 2018
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