![]() Indiscutivelmente estar grávida e ter um bebê é um dos momentos mais intensos na vida de uma mulher. Não interessa a idade, a posição social, o planejamento ou o tipo de família. Estar grávida representa um grande passo rumo à maturidade, e viver na totalidade, o nosso papel como mulher. Para nós, que moramos na Nova Zelândia, se descobrir grávida num país diferente, sem a nossa mãe ou o resto da família por perto, sem saber como as coisas funcionam ... É como dar o primeiro passo. É um grande desafio. Parir é a mesma coisa em qualquer lugar (ao menos deveria ser), afinal ser mãe e dar a luz faz parte do processo biológico do nosso corpo feminino. Mas dependendo do país, as regras e os procedimentos de pré-natal e parto são diferentes, até mesmo o que é de conhecimento e senso comum num lugar, pode ser diferente em outro. O que comer, o que não fazer, que vitaminas tomar, que tipo de parto é melhor para mim? Quem procurar? Essas dúvidas passam na cabeça de todas as mulheres e nós gostaríamos de dar uma luz sobre onde procurar ajuda, a que você tem direito e como proceder para ter total controle sobre a sua gravidez e parto. ![]() Estar grávida na Nova Zelândia As mulheres gestantes podem escolher um/uma “Líder de Cuidados Maternos” (LMC) que irá coordenar todos os cuidados relacionados à maternidade. Os prestadores de cuidados de maternidade podem ser Obstetrizes (em inglês são as midwives e é assim que nos referiremos a elas nesse texto, também conhecidas como parteiras, porém com mais preparação, estudo e experiência) e/ou Clínicos Gerais com diploma em obstetrícia ou Obstetras. LMC’s são contratados através do Ministério da Saúde, para fornecer um serviço de maternidade completo e gratuito para as gestantes elegíveis ao uso do sistema público de saúde. Você está apto a usar o sistema público de saúde neozelandês, se você tiver um visto de residente, cidadão neozelandês ou se tiver um visto de trabalho com direito de permamecer no país por dois anos ou mais. Crianças menores de 17 anos (filhos ou dependentes), aos cuidados de pais que são elegíveis, também tem acesso ao sistema público. Se você tem alguma dúvida sobre a sua eligibilidade você pode checar mais informações aqui. Você se descobriu grávida na Nova Zelândia, e agora? O que fazer? Se você já sabe o que quer, que tipo de LMC você quer que acompanhe sua gravidez e parto você pode: No sistema público e gratuito
A maioria das mulheres e suas famílias optam por uma midwife como LMC. O serviço de midwives é gratuito. A única coisa que você paga são as suas ultrassonografias. A maior parte do valor do exame é subsidiado pelo governo, portanto a gestante pagará apenas em torno de $15/$20 por ultrasonografia. Caso prefira obter uma imagem em 4D o custo da ultrasonografia ficará por conta da gestante (o governo não subsidia este exame). Ao escolher uma midwife como LMC, a gestante passa a contar com a mesma e também com uma midwife de backup, para o caso de indisponibilidade da parteira contratada no dia do parto, garantindo um acompanhamento completo e de qualidade. A maioria das gestações consideradas de baixo risco são acompanhadas diretamente por uma midwife. Havendo algum fator que eleve o risco da gravidez para médio ou alto, a gestante passa a contar com a colaboração de outros especialistas (obstetras, nutricionistas, entre outros) também gratuitamente. Caso a gestante prefira ter um médico obstetra (mesmo sem riscos aparentes durante a sua gravidez) o custo deste profissional deverá ficar a cargo da gestante (ou seja, o serviҫo será particular). Partos privados na Nova Zelândia custam entre $4000 e $5000, e geralmente são pagos em parcelas no período da gravidez. Midwives não fazem cirurgia cesariana. Se você tem preferência pelo parto cirúrgico (mesmo sem nenhuma necessidade médica) você deverá optar pelo sistema privado e ter um obstetra. Quais são os direitos e serviҫos oferecidos a getante ao contratar um Líder de Cuidados Maternos-LMC: No dia do contrato:
No segundo trimestre (12 a 28 semanas de gravidez):
Durante o trabalho de parto e parto:
Em caso de parto domiciliar:
Em caso de parto em Casas de Parto (Birth Centres ou Birth Units):
Após o nascimento (do nascimento até que o bebê complete 4 ou 6 semanas de vida):
Aconselhamento e informações gerais, em caráter educativo, aos novos pais:
O que é uma Doula? A palavra Doula vem do grego e significa “mulher que serve”, sendo hoje utilizada para referir-se à mulher sem experiência técnica na área da saúde, que orienta e assiste a nova mãe no parto e nos cuidados com bebê. Seu papel é oferecer conforto, encorajamento, tranqüilidade, suporte emocional, físico e informativo durante o período de intensas transformações que está vivenciando. Antigamente o nascimento humano era marcado pela presença experiente das mulheres da família: irmãs mais velhas, tias, mães e avós acompanhavam, instruíam e apoiavam a parturiente e a recém mãe, durante todo o trabalho de parto, o próprio parto e os cuidados com o recém-nascido. Atualmente os partos acontecem em ambiente hospitalar e rodeado por especialistas: o médico obstetra, a enfermeira, o pediatra, cada qual com sua especialidade e preocupação técnica pertinente. O cuidado com o bem estar emocional da parturiente acabou ficando perdido em meio ao ambiente impessoal dos hospitais, tendendo a aumentar o medo, a dor e a ansiedade daquela que está dando à luz, e consequentemente, aumentando as complicações obstétricas e necessidade de maiores intervenções. A doula veio justamente para preencher esta lacuna, suprindo a demanda de emoção e afeto neste momento de intensa importância e vulnerabilidade. É o resgate de uma prática existente antes da institucionalização e medicalização da assistência ao parto, e que passa a ser incentivada agora com respaldo científico. Leia mais sobre o que a doula faz (e não faz) e os benefícios dessa atividade aqui. Esse texto foi escrito para a Revista MBA por: Viviane Maino Carioca, Publicitária, Doula, Educadora Perinatal e mãe de duas crianҫas. É militante e ativista pelos direitos de escolha das mulheres em relação ao próprio corpo e pelo protagonismo feminino no parto. Futura midwife pela AUT. Viviane Almeida Paulistana formada em Pedagogia, pós graduada em Psicopedagogia e Libras. Na Nova Zelândia desde 2007, hoje mãe de dois meninos paridos na Aotearoa. Doula formada pela instituição GAMA - SP, hypnoBirthing practitioner, estudante de midwifery na AUT e uma ativista apaixonada pela fisiologia humana. A reprodução parcial ou integral desse texto sem autorização é proibida Leia Também
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Setembro 2018
AuthorRevista Mundo Brasileiro Aotearoa, a revista dos brasileiros na Nova Zelândia Categories
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